Acabo de sair do cinema e o filme ainda me deixam muitas impressões. Falo de Argo, filme dirigido e atuado por Ben Affleck. Não sabia do que o filme se tratava, fui mais por ser fã do ator e agora diretor, e também por ler algo sobre a recepção positiva que o filme estava recebendo. E o que posso afirmar é que o filme é tenso, muito tenso. Daqueles que nos deixam grudados na cadeira o tempo inteiro.
O enredo gira em torno dos conflitos político-religiosos entre EUA e Irã. Mas não de agora. Ele volta à década de 80 para nos mostrar um caso verídico que teria ocorrido entre ambos. Logo na abertura percebemos que trata-se de um filme diferente. Ele se inicia apresentando um retrospecto da situação política do Irã e dos principais fatos que desembocaram na chamada "Revolução Iraniana", quando o regime dos Xás, que era financiado e apoiado pelos EUA é deposto, e assume o poder o Aiatolá Khomeini, prometendo resgatar e valorizar os costumes tradicionais islâmicos que o antigo Xá havia de certa forma deixado de lado ao tentar promover uma ocidentalização do país. Com a queda do antigo Xá, Pahlevi, que pedira asilo político aos EUA, uma multidão de revoltosos invade a embaixada americana para protestar e captura mais de 50 estadunidenses, funcionários da embaixada.
O filme começa com uma cena da bandeira dos EUA sendo queimada pelos rebeldes, numa imagem emblemática que mostra que o ódio pela forma como os estadunidenses se acham no direito de intervir nos outros países não é bem vista por todos. Além disto, o mesmo levanta uma discussão sobre os verdadeiros ditadores e terroristas. Durante anos os EUA apoiaram o regime de terror imposto pelo Xá Pahlevi, com torturas e mortes, mas isto não impede que o discurso de combate ao terrorismo e a instalação da democracia tenha feito com que os mesmos EUA que apoiam certos ditadores, promova uma caça a outros. Tudo depende dos interesses que estão em jogo, isto já ficou bem claro.
Em meio a tudo isto, seis funcionários da embaixada conseguem fugir e se refugiar na embaixada canadense. A CIA inicia discussões de como retirar os funcionários de lá, pois seria uma questão de tempo até que as autoridades iranianas descobrissem a fuga deles e aonde eles estavam. Após algumas sugestões um tanto improváveis, surge uma ideia das mais absurdas possíveis. Tão absurda que até poderia dar certo. Lançar na imprensa a ideia de um que filme fictício de ficção científica estaria sendo realizado, que usaria como cenário locações no Irã. Os funcionários da embaixada então se disfarçariam de membros da equipe realizadora do filme para assim conseguirem passarem pela forte segurança dos aeroportos iranianos e assim conseguirem sair do país. Tudo passa a ser planejado então para esta operação, intitulada operação Argo, que seria o nome do filme que seria realizado.
A partir daí a tensão é contante, pois qualquer passo errado pode por tudo a perder. O filme é extremamente bem conduzido por Affleck, que também está ótimo no papel principal, e conta ainda com a sempre brilhante participação de John Goodman. A caracterização da revolução iraniana não deixa a desejar, está impecável, e mostra bem o quanto o ódio que os iranianos tem pelos EUA não vem de agora, mas é resultado de anos e anos da política internacional desastrosa e irresponsável mantida pela Casa Branca. Apesar de no final trazer alguns clichês como o mocinho estadunidense que desobedece ordens pra salvar todo mundo, ou o ufanismo ao mostrar de forma maniqueísta o conflito entre a cultura estadunidense X a cultura dos outros, o filme convence e é válido por servir como diversão e ponto de reflexão.
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