Muito se fala e se escreve sobre o amor. Mas a verdade é que pouco (ou nada) sabemos sobre ele. Podemos nos aproximar de uma pessoa, sentir afeto, carinho, desejo, interesse, vontade de estar perto, medo de perdê-la. Talvez o amor seja tudo isso junto. Mas nunca saberemos. A arte o idealiza e o coloca num pedestal, como se todos amassem da mesma forma, como se houvesse uma fórmula única para o sentir. Mas a verdade é que esta fórmula não existe. Não podemos descrever o amor a não ser pelas penas dos poetas (e de forma muito pouco objetiva).
Mas me lembro agora de um filme que o descreve muito bem (pelo menos um dos seus aspectos). E, por incrível que pareça, não é nenhum filme de romance. Trata-se de um filme pop de ação e ficção científica. Pra quem cresceu nas décadas de 80 e 90 vai se lembrar muito bem. Estamos falando da série Star Wars. Em meio às guerras, conflitos, lutas, lasers e demais cenas de ação, não se iludam: Star Wars é uma saga sobre o amor. Sobre política também, nos conflitos entre a República e o Império, que dão uma pequena aula aos jovens dos dois modelos políticos de uma forma simplista e dicotômica, é verdade (heroicizando a república e vilanizando o império).
Mas não é só de política que trata a obra. E a nova saga lançada recentemente demonstrou isto bem. Se a saga antiga (episódios IV a VI) tratam essencialmente da política, os mais novos (episódios I a III) tratam do amor e dos seus perigos. Nesta saga, Anakin Skywalker é um jovem identificado com um poder acima da média entre os Jedis. Após a morte de seu mestre, Obi Wan Kenobi resolve treinar o jovem, e ele se torna um grande guerreiro. Mas Anakin também tem algo dentro de si que o torna bastante instável e perigoso. Ele é muito passional, e acaba se apaixonando por uma mulher, mesmo com os conselhos de seus mestres de que um Jedi nunca deve se apaixonar. O medo de perdê-la acaba fazendo com que ele faça qualquer coisa para salvá-la, inclusive se render ao lado negro da força. Esse amor acaba sendo sua derrocada. Uma visão bastante pessimista do amor, é verdade. Mas que nos traz algumas lições também.
Na série, os Jedis são proibidos de amarem ou se envolverem sentimentalmente com uma mulher. Os motivos, explicados pelo mestre Yoda, são que o amor leva ao apego, o apego leva ao medo da perda, e isto pode arruinar o trabalho de um Jedi: deixar-se envolver demais nas questões do amor e se desviar de seu trabalho como Jedi, ou até mesmo acabar no lado negro da força, justamente como aconteceu com Anakin. Alguns dizem que o amor verdadeiro é um sentimento que traz desapego, que nos faz apenas querer o bem daquela pessoa, mesmo que ela não esteja ao nosso lado. Acho muito bonito isto, mas pouco prático. No fundo, duvido que um sentimento com tal nível de desapego exista. Se amamos, queremos estar sempre juntos do ser amado. E no fundo, todo amor traz em seu interior um sentimento de medo. Medo de desapontar o outro e não sermos mais correspondidos, medo de que ela se apaixone por outro e nos abandone, enfim, medo da perda do ser amado. Esta é a maior lição sobre o amor que podemos aprender: a de que o amor traz também um sentimento ruim de possessividade e medo. E, nestas horas, chego a pensar se o conselho Jedi não seria o mais adequado: abrir mão do amor para que possamos ter uma vida de paz e equilíbrio. Infelizmente ainda não descobri um meio de seguir este conselho, e, sinceramente, duvido que alguém o consiga. Ainda bem.
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