25 de ago. de 2009

Os Grandes Vilões do Trânsito

Segundo estatísticas recentes, um milhão de pessoas morrem por ano em todo o mundo vítimas de acidentes de trânsito. Há tempos quero escrever sobre trânsito por aqui. Nunca fui um motorista muito consciente, por isto mesmo já sofri vários acidentes, felizmente em nenhum deles eu ou alguém que estivesse comigo sofreu qualquer lesão, mas todos poderiam ter sido evitados. Mas nem posso dizer que meu comportamento no trânsito era culpa só minha. Infeliznente em nosso país sofremos de uma falta de conscientização generalizada, agravado por uma péssima formação. Basta olhar como os instrutores de trânsito formam nossos motoristas para descobrirmos isto.


Em julho deste ano tive a oportunidade de fazer um curso para me tornar examinador do Detran, e tive então a oportunidade de discutir mais a fundo várias destas questões sobre o trânsito. Em relação à formação por exemplo, é nítido que as CFC's ensinam ao cidadão apenas o mínimo de conhecimento para que ele possa passar na prova, o que não chega nem perto de ser o suficiente para que o candidato possa lidar com as diversas situações em que nos encontramos no dia-a-dia do trânsito. Portanto, o problema já começa por aí. Nossos motoristas sabem fazer baliza e rampa, mas não sabem como se comportar frente aos outros condutores e principalmente frente aos pedestres. Isto é o que gera a falta de educação e respeito que vemos todos os dias por ai, com motoristas impacientes, que se acham os donos da rua e que sua vez está acima da dos outros.



Outro problema do brasileiro que acaba refletindo no trânsito é esta famigerada mentalidade do "jeitinho brasileiro", usada como desculpas para cometer infrações que para ele não irão prejudicar ninguém. Várias vezes por exemplo já ouvi minha mãe dizer: "não, vou estacionar aqui só cinco minutinhos", quando vai estacionar em local proibido. Eu mesmo já fiz isto várias vezes, e é por isto que agora estou revendo meus conceitos e tentando mudar minhas atitudes. Minha mãe mesmo tem uma banca de doces na porta de uma das maiores faculdades de Goiânia, e quando fico lá pra ela vejo uma série de flagrantes de irresponsabilidade e imprudência no trânsito com pessoas estacionando em locais proibidos para deixar os alunos na porta da faculdade, e muitas vezes literalmente param o trânsito, isso quando não quase causam acidentes.

Falando sobre isso, acho que quatro pontos são de extrema importância e que vejo que a maioria dos motoristas ainda não se conscientizaram. Primeiramente, o celular é um dos grandes vilões do trânsito, que continuam causando acidentes simplesmente por falta de consciência das pessoas. A crença de que "só um minutinho não vai ter problemas" é o que faz com que as pessoas continuem com esta prática. Por várias vezes já tive que desviar de motoristas que perdiam a atenção ao volante por estarem distraídos falando ao celular. Todos já devem ter passado por isto, e no entanto todos continuam fazendo.



O segundo problema e mais grave é a bebida. Quando baixaram a tolerância da lei em relação ao consumo de álcool na direção, vi muita gente reclamando que era um absurdo, que não pode nem tomar uma cervejinha mais. Mas falemos francamente pessoal: quem fica só na primeira cervejinha? E em segundo lugar, o álcool altera os nossos sentidos. Uma garrafa de cerveja já é o suficiente para que nossa percepção, sentidos e reflexos já fiquem levemente alterados. E no trânsito, qualquer deslize pode causar um acidente fatal. Mesmo que nós consigamos dirigir neste estado, sem causar acidentes, nunca sabemos quando um motorista irá sair da pista, nos fechar, entrar num cruzamento sem olhar, enfim, e nestes casos podemos não conseguir desviar a tempo, pois nossos reflexos não estarão 100%. Eu mesmo já senti isto na pele, em uma das vezes que bati, um motorista levemente alcoolizado entrou na rotatória em que eu estava sem parar e me acertou em cheio. Ele tinha bebido pouco, mas foi o suficiente para que ele achasse que dava para passar, quando na verdade não dava. Portanto, é melhor não facilitar. Não vale a pena.



O terceiro grande perigo do trânsito é a velocidade. Este é o erro mais comum especialmente entre motoristas mais experientes, que já dirigem há algum tempo. É comum que com o tempo passemos a relaxar no trânsito, e achar que nada irá acontecer conosco. Mas nunca sabemos quando um imprevisto pode acontecer, quando uma criança atravessará em nossa frente, ou um cachorro. Um acidente que poderia ser facilmente evitado se estivéssemos a 60Km/h, pode se tornar uma tragédia a 80Km/h, ainda mais com a formação que nossos motoristas tem, que não os ensina nem a usar os freios nem a desviar de obstáculos em casos de emergência. E se combinarmos velocidade e bebida então, o perigo é maior ainda. Portanto, prudência no trânsito é o começo de tudo, e a pressa pode te levar a lugares aonde você não vai desejar estar.



Por último e mais grave, creio que o grande vilão do trânsito é o cinto de segurança. Ou a falta dele, melhor dizendo. É comum a desculpa de que "ah, vou só aqui pertinho, não tem fiscalização no caminho". Tinha um conhecido que morreu assim, indo na esquina comprar pão, sem o cinto de segurança. Apesar de campanhas e mais campanhas em cima disto, ainda é comum a falta de seu uso. E é comprovado que mesmo a uma velocidade de 20Km/h, se você bater o carro de frente, pode rachar sua cabeça no vidro do carro, o que, com o cinto, não passaria de um pequeno choque. Nas cidades do interior então esta mentalidade é ainda pior. Como não há qualquer fiscalização, ninguém usa o cinto. Na cidade onde trabalho, por exemplo, no interior de Goiás, as pessoas andam como se estivessem numa cidade grande em matéria de velocidade, mas como se estivessem na roça em matéria de mentalidade e segurança. Toda vez que vou lá fico brigando com minha namorada pra que ela use o cinto quando andar por lá. Infelizmente o hábito de só cumprir a lei por causa da fiscalização é o que vigora ainda. O brasileiro devia se conscientizar da importância do cinto para sua segurança, mesmo que não haja qualquer fiscalização, mas creio que isto ainda está longe de acontecer.



Mesmo em cidades grandes, é comum a negligência em relação ao uso do cinto no banco de trás por exemplo, ou do uso da cadeirinha para crianças. Infelizmente as campanhas de trânsito em nosso país cometeram um erro grave quando começaram a cobrar o uso do cinto da população. Enfatizavam apenas o uso do cinto no banco da frente, quando na verdade não adianta nada o da frente usar se o de trás não estiver usado. Em caso de uma batida, o de trás poderá ser arremessado para frente, acertando em cheio o banco a frente, podendo causar uma lesão a este. Portanto, você pode estar usando o cinto de segurança na frente, e mesmo assim sofrer uma lesão grave se seus passageiros não estiverem usando no banco de trás. No caso de crianças então, os perigos são maiores ainda. Sobre isto nem vou comentar, os vídeos falam por si.



Mas, afinal de contas, como mudar este quadro? Apenas fiscalizar não basta, mas é importante. Intensificar a fiscalização também é importante e deve ser feito. Mas tudo deve começar pela educação. Todos os vídeos que postei aqui são campanhas de conscientização no trânsito feitas em outros países, e você pode perceber a diferença das campanhas feitas no Brasil. Estas propagandas são fortes, chocantes, mostram imagens que visam sensibilizar ao motorista, e realmente funcionam. Imagine ver estas cenas todos os dias na sua TV. Se uma vez já é chocante, várias vezes faria um efeito e tanto. Mas infelizmente no Brasil não é permitido fazer campanhas deste tipo. Mas deixar que milhares morram todos os anos sim. Além disto, segundo o Código Brasileiro de Trânsito, é obrigatório em todas as escolas a inserção de lições sobre educação para o trânsito desde a educação infantil, mas até hoje nunca vi uma escola que tivesse isso. Se formássemos nossos futuros motoristas desde pequenos, talvez conseguíssemos mudar este quadro nas próximas gerações. Mas se não começarmos agora, será difícil. É mais fácil criar a mentalidade em uma criança do que mudar em um adulto. Infelizmente.

Outros Vídeos de conscientização:
Importância do Cinto de Segurança mesmo a 15 km/h
Importância do Uso da Cadeirinha de Bebê
Importância do Uso do Cinto no Bando de Trás


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