Nadine Labaki é uma atriz e diretora libanesa. E seus filmes refletem a realidade do país, sempre sob uma ótima feminina. É assim em seu mais recente filme, E agora, aonde vamos? O Líbano é um país atormentado pelos conflitos religiosos entre cristãos e muçulmanos. Mas em um pequeno vilarejo no interior do país, onde as informações mal chegam e o único contato com o resto do país são dois garotos que todos os dias vão à cidade mais próxima para trazer suprimentos e informações, a situação de conflitos parece algo distante. O vilarejo possui uma mesquita e uma igreja e seus respectivos líderes, que convivem de forma harmoniosa. Apenas o cemitério da cidade denuncia os conflitos do passado entre as duas religiões.
Mas a harmonia do presente está prestes a ser quebrada quando o prefeito do lugar resolve instalar uma televisão comunitária no vilarejo. Todos os dias os moradores então passam a se reunir para assistir ao noticiário e demais programas de TV. Mas, receosas que as notícias dos conflitos entre cristãos e muçulmanos do restante do país possam influenciar os homens do local e reavivar antigos conflitos, as mulheres do vilarejo passam a fazer de tudo para que seus filhos, maridos e irmãos não recebam estas notícias. Assim, de forma cômica, Nadine Labaki aborda um dos temas mais trágicos de nossa atualidade.
Sob uma ótica feminina, vislumbramos a irracionalidade dos conflitos entre duas religiões diferentes. Habitantes de um mesmo local, compartilhando de uma mesma cultura, diferentes apenas pelo credo que dizem professar, mesmo assim o ódio religioso parece ser mais forte do que tudo o que essas pessoas tem em comum. Mas as mulheres estão dispostas a tudo para nos mostrar o quão irracional são estes conflitos, até mesmo a abrir mão de sua religiosidade. No final, de uma forma surpreendente, elas nos mostram o quanto somos infantis, e o quanto ainda temos a aprender nessa vida.
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