Todos os dias ao lermos os noticiários percebemos o quanto nosso mundo vem passando por transformações drásticas, em vários aspectos, político, econômico, físicos, religiosos, etc. Conflitos, crises e escândalos convivendo lado a lado com o progresso material, desenvolvimento científico e outros exemplos de que apesar de tudo avançamos muito e a passos largos em alguns campos. Mas tais avanços não são acompanhados de um progresso moral da humanidade, ou de uma parte dela pelo menos.
Algumas teorias espiritualistas tentam explicar esta divergência e este momento pelo qual passamos. Tais eventos seriam resultado de um profundo processo de "reurbanização" pelo qual o planeta Terra está passando do lado espiritual. Este processo inclui a limpeza astral de nosso planeta, que acumula anos e anos de tragédias, guerras e mortes que desprendem uma grande quantidade de energia negativa e poluem o ambiente espiritual terrestre. Aliado a isto, espíritos que desencarnam e passam a habitar nestes ambientes extra-físicos poluidos pela concentração destas energia negativas, sendo vítimas de espíritos obsessores mais desenvolvidos que os escravizam para realizar seus trabalhos maléficos. Esta é a raiz dos processos de obsessão que a doutrina espírita sempre descreveu, e principalmente nos trabalhos de magia, em que estes espíritos são invocados para cumprir determinados trabalhos encomendados.
Por tudo isto, é chegada a hora de se fazer uma limpeza astral do planeta Terra, e nos dois lados do mundo, tanto espiritual quanto terreno. O início deste processo é descrito no livro O Fim da Escuridão, recém lançado pelo autor Robson Pinheiro, psicografado pelo espírito Ângelo Inácio, lançado pela editora Casa dos Espíritos. Segundo o autor,
Agora é chegado o momento de uma limpeza decisiva no
globo terrestre, de caráter energético, mental e psíquico. A reurbanização
geral do mundo extrafísico tem ocorrido mais intensamente, de forma mais
acentuada, determinada, metódica, de modo a erradicar os focos e enquistamentos
de matéria mental profundamente arraigados nas comunidades além-físicas, o que
naturalmente gera repercussões no mundo dos encarnados. (...) As reurbanizações tendem a melhorar as comunidades das
dimensões próximas à crosta, como também depuram a matéria e as correntes
mentais junto às comunidades humanas, mas não sem antes promover crises intensas
nos dois lados da vida. (p. X). Esse movimento envolverá desde o regime financeiro e de
governo até os modelos de vida das grandes cidades e metrópoles representativas
do mundo, passando por amplo processo de educação da população para a vida em
comunidade, cultivando respeito ao ambiente, à natureza e ao próprio ser
humano. (p. XII).
Esta limpeza astral, da qual fala o autor, fará com que a Terra se torne um planeta melhor para se viver. Dentro da classificação de mundos da doutrina espírita, ela passará de um planeta de "expiação e provas" para um planeta de "regeneração". A principal diferença entre ambos é o nível evolutivo dos espíritos que encarnam neste último, já tendo desenvolvido uma consciência moral mais apurada. Deixaríamos, portanto, de ver os crimes hediondos que ainda assistimos entre nós, uma vez que o planeta seria habitado por espíritos que já se conscientizaram da importância do respeito ao próximo para a vida em comunidade. Assim, os espíritos que não se adequarem mais a este padrão que será adotado no planeta Terra, serão expatriados para outros mundos, mais adequados ao seu grau de consciência moral.
A Terra, como acontece em qualquer lugar, suporta abrigar somente os espíritos situados dentro de determinada faixa de aprendizado, que é oferecida pelo próprio planeta. Atingindo o limite máximo de tentativas, ocorre o expatriamento dos seres de comportamento contrário à ética cósmica, que passarão a viver noutras terras (p. 104). Se a solução para certos espíritos é o degredo do orbe e a consequente relocação noutras comunidades do universo, é porque já passaram por todas as etapas prévias a esta medida e esgotaram a totalidade dos recursos reeducativos e reencarnatórios possíveis no ambiente terrestre (p. 103).
Estas mudanças são uma constante no mundo espiritual. Assim com o mundo físico, este em que vivemos, está sempre se modificando, inovando e melhorando em vários aspectos, não há porque pensar que o mundo espiritual ainda seja o mesmo da época de Allan Kardec ou de Chico Xavier. Ele também passa por transformações, e uma destas pode ser percebida num dos grandes símbolos do espiritismo nos últimos anos, retratado em novelas, filmes e livros: o chamado "vale dos suicidas" ou "umbral", lugar para onde iam os espíritos que se mataram ou que cometeram erros graves em sua encarnação na Terra.
O célebre vale dos suicidas, que ganhou notoriedade nas
páginas de romances espíritas, foi totalmente reformulado, higienizado e
reurbanizado. No lugar do vale de sofrimento e expurgo, construíram-se
hospitais, pontos de socorro, escolas de educação do espírito e outras tantas
instituições, onde hoje são acolhidos, abrigados, reeducados e instruídos
aqueles que atentaram contra a própria vida. Ou seja, o chamado umbral ou plano
astral está esvaziando-se e sendo gradualmente reurbanizado, a fim de abrigar
comunidades mais esclarecidas, evoluídas e progressistas. (p. 83).
Mas tais transformações não se realizam do dia pra noite. Exigem trabalho e esforço e demandam tempo. O Juízo Final, como dizem alguns religiosos, não será feito em apenas um dia, mas levará um longo processo em que os espíritos serão reclassificados segundo suas consciências, processo este que no universo espiritualista é chamado de "reurbanização extrafísica".
O que presenciamos até agora consiste apenas no início de um processo que poderá durar centenas de anos, senão todo o milênio. Acontece que grande número de religiosos mal informados e apressados quer, a todo custo, que a transformação se dê de um dia para outro, entre trombetas e clarins. De preferência, levada a cabo por agentes externos, que venham em glória e majestade celestes, enquanto os salvos e escolhidos assistem a tudo confortavelmente, rendendo louvor e graças. Quanto engano! Isso não passa de delírio. Esquecem que é o próprio espírito humano o pivô da história; é o homem que deverá se transformar intimamente, inclusive aqueles que se acham fiéis e redimidos. Para que a Terra se veja renovada na paisagem externa, todos dependemos da renovação interna de seus habitantes (p. 237-238).
Além das modificações no mundo extrafísico, a Terra está passando por intensas modificações internas, nos planos políticos e econômicos. Ainda mergulharemos num grande caos, antes de podermos vislumbrar o recomeço. Tais processos já se iniciaram com as crescentes crises econômicas que temos presenciado entre os que antes eram considerados países de economias sólidas e pilares para o mundo econômico. O crescimento de uma nova potência também é notável, que ditará as regras do jogo pelos próximos séculos, chamada pelo autor de Dragão Vermelho, que simboliza a ascensão do país chinês. Roma está em queda, e os bárbaros começam a tomar a frente.
Os Estados Unidos serão vencidos por golpes e através de eventos diferentes, pois reencontrarão antigos inimigos, que os enfrentarão com estratégias inteligentes, preparadas para estremecer profundamente suas pretensões de superioridade sobre os povos do planeta. (p. 117). Primeiro vem a derrocada moral, com elementos da ordem financeira vindo à tona de forma gradual. Depois, a entrada em cena do grande dragão vermelho, que arrastará as estrelas da economia mundial consigo, até solapar os fundamentos da economia mundial. Nova frente de poder está em ascensão (...). Mediante o abalo da velha Europa e seu sistema econômico, pouco a pouco a cauda do dragão arrastará a economia mundial para outra configuração, obrigando os líderes das finanças a refazer seu sistema falido, sob a pressão dos fatos, das guerras e da política monetária internacional em colapso (p. 118-119).
Ao mesmo tempo, no plano econômico, os excessos do capitalismo nos levarão a uma crise sem precedentes. A distância entre ricos e pobres aumentará cada vez mais, fazendo com que a humanidade seja obrigada a repensar seu modelo de vida baseada no consumismo desenfreado e nos excessos.
O abuso e os excessos da forma de vida globalizada, do luxo desmedido, que surge ora aqui, ora ali, e é alimentado pelo dispêndio cada vez maior a que todos febrilmente se lançam, em breve sofrerá um golpe mortal. O capitalismo ocidental cederá diante da avalanche de problemas que a economia enfrentará (...). Entretanto, antes que haja a conscientização, haverá o excesso que conduzirá a uma guerra diferente de todas que a humanidade já conheceu. O mundo entrará em uma grande crise antes de melhorar (p. 121). (...) sobreviverá nessa transição apenas quem puder viver com mais simplicidade. O supérfluo logo se mostrará como um peso enorme, do qual muitos lutarão para se livrar, pois o mundo que se inaugura exigirá de cada membro da nova civilização um modo de vida mais tranquilo, sem excessos, embora com qualidade. (p. 125).
Por último, uma nova tendência que ora vislumbra em nosso país trará graves consequências para nosso modelo de vida a partir dos próximos séculos. Um mal que levamos anos para enterrar, ora se levanta novamente para nos assombrar e trazer do passado os velhos erros cometidos, agora sob uma nova roupagem. Trata-se do fundamentalismo cristão que domina e dominará cada vez mais nossa política, impedindo em grande parte o progresso moral em relação a várias questões, orquestradas por antigos espíritos que conseguem influenciar em nossa vida terrena.
Cidades inteiras, do lado de cá, são habitadas por espíritos ortodoxos, que, apesar de desencarnados, persistem brigando por suas ideias extremistas e teimam em fazer oposição aos ventos de progresso que impulsionam os encarnados. Converteram-se em verdadeiros obsessores do movimento espírita. São grupos de evangélicos e católicos que, após a morte física, trabalham ativamente junto aos políticos com suas crenças antigas e, não raro, fundamentalistas. Buscam, a todo custo, instaurar uma nova Idade Média na Terra, através da união do estado à religião, do poder temporal ao eclesiástico (p. 241-242)
Esta união entre o poder religioso e político, que durante os séculos medievais dominou parte do mundo conhecido à época será uma nova tendência em nosso mundo, que trará consigo uma nova idade das trevas.
Muitos representantes das ideias cristãs se aliarão à política e formarão uma nova frente de poder, que levará muitos a perder a fé (...). Escândalos cada vez mais intensos, e alguns inesperados, obrigarão a Igreja a rever sua política e a forma de agir em relação a seus incontáveis representantes espalhados pelo mundo (p. 128).
O Brasil exercerá papel fundamental nesta transição, e será abalado pela presença cada vez maior do fundamentalismo cristão na política, processo que já se inicia e que vemos tomar frente a cada eleição. A bancada evangélica aumenta a cada processo eleitoral, e suas visões preconceituosas em relação a questões como o homossexualismo e as religiões afro-brasileiras acabam influenciando na adoção de políticas públicas para tais questões. O autor retrata esta questão no diálogo entre dois indivíduos que analisam o papel do Brasil na política mundial:
Como você vai com certa frequência ao Brasil e lá permanece boa parte do ano, já sabe como a política do país está cada vez mais comprometida, sendo manipulada particularmente por um ramo de religiosos que tem como objetivo assumir lentamente o poder no país. Veja como os evangélicos, notadamente os pentecostais e neopentecostais, tornam-se cada vez mais radicais em seus pronunciamentos, e pouco a pouco aumentam sua bancada no Congresso Nacional. (...) Pense bem no que está ocorrendo e faça um paralelo com a situação do mundo na Idade Média e, sobretudo, nos primeiros séculos da era cristã. O poder religioso gradativamente toma em suas mãos o poder político, aliando as questões de fé a todos os aspectos do poder mundano. É exatamente isso que ocorreu, no passado, com o catolicismo. Agora, os novos evangélicos progressivamente ampliam sua participação no poder, a que aspiram a olhos vistos. Embora seja um país promissor, a população, sem perceber, entrega o poder político àqueles que usam o nome de Jesus, a quem pretendem representar, com o objetivo de por a máquina pública a serviço de determinado grupo religioso (p. 32).
O autor faz um paralelo entre esta emergência dos fundamentalistas com uma profecia bíblica que diz que um falso profeta se levantaria para mergulhar o planeta Terra em uma era de perseguições e derramamento de sangue sem precedentes:
Vejo isso tudo como o cumprimento de outro ponto da mensagem cifrada a que os religiosos chamariam profecia. No mesmo livro da Bíblia, há algo que menciona que a segunda besta assumiria o poder em toda a Terra, uma espécie de imagem da besta, um falso profeta, que levaria a Terra a uma época sem precedentes de perseguições, lutas e outros desafios. (p. 33).
Percebe-se assim que esta nova era de aquário será um período de transição e intensas transformações em nosso planeta. Um longo período de crises intensas se avizinha, mas que fomentará mudanças consideráveis no modo de vida do planeta. Toda mudança traz em si um momento de crise, que faz parte do processo. Tal momento cobra de nós que redobremos a atenção, e passemos a trabalhar no sentido da melhoria individual e busca de uma nova consciência planetária.
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