Anápolis mostrou ontem que também tem fôlego pra bons festivais. Rolou lá no Jóquei Clube da cidade o Paralelo Sonoro, festival que reuniu muitas bandas bacanas da cidade, da capital goianiense e de outros lugares. A primeira missão da noite foi achar o Jóquei, que fica localizado próximo à BR que vai pra Brasília, numas ruazinhas bem escondidas dali. Depois de muito rodar, perguntar e consultar o GPS, eis que finalmente achamos o tal lugar. E a escolha foi muito boa, lugar amplo, arejado. Os shows rolavam no salão do Jóquei, um lugar que me lembrou bastante o bom e velho DCE da UFG, em que durante muito tempo foi point do metal de Goiânia.
Dois palcos montados, um de cada lado do salão, e música rolando o tempo todo. Mesmo assim não pudemos fugir dos atrasos, já que eu sai do lugar eram 2:00h da madruga e nada da banda principal subir ainda, sendo que o show deles estava marcado pras 1:30h. De resto a organização foi boa, seguranças, bar, tudo funcionando direito. Mas algo que não funcionou muito bem no início foi o som.
Cheguei umas 22h com o show dos brasilienses do Sapatos Bicolores prestes a rolar, uma das bandas que eu queria ver. O som dos caras é um rockabilly dos mais legais, com letras picantes e boa sonoridade. Pra mim é uma das bandas mais legais da atualidade, e acompanho o trabalho dos caras já há algum tempo, mas nunca tinha conseguido vê-los ao vivo. Desta vez consegui, mas não foi bem o que esperava. A banda se esforçou bastante pra agradar ao público, mas a qualidade do som aos poucos foi prejudicando sua apresentação, e fazendo com que grande parte do público ficasse dispersa. Uma pena. No repertório, destaco as músicas de seu primeiro álbum, Frio Coração Quente, entre elas Garota Cor-de-Fogo e A Cobrar, minhas favoritas. Espero revê-los em breve em melhores condições.
No outro palco, os anapolinos da Evening conseguiram um melhor resultado. Tocando em casa, mostraram que já são bem conhecidos do público e não tiveram problemas pra animar a galera. Gostei da banda, um rock com uma pegada meio stoner, meio hard, mas que conseguiu animar e empolgar. Logo depois foi a vez dos figurinhas carimbadas do Black Drawing Chalks, que também foram prejudicados pela qualidade do som. O som parecia meio embolado e uma microfonia chata insistia em atrapalhar em todas as músicas. Mesmo assim uma multidão de fãs se aglomeravam em frente ao palco pra ver o show dos caras. Algumas músicas novas mescladas com sucessos de seus dois primeiros álbuns garantiram a apresentação.
Mais uma banda anapolina, os Elétrons vieram a seguir e também conseguiram animar. O som dos caras é mais pro lado do pop rock, com letras em português, mas tem boas canções. Ainda arriscaram um cover dos Los Hermanos, mas que não ficou muito legal na pegada dos caras. Enquanto isso no outro palco os Seletores de Frequência se arrumavam pra começar seu show, que não demorou muito. Os problemas de som desapareceram, e quando BNegão subiu no palco o som saiu limpo e cristalino. Show do BNegão é sempre diversão garantida, pra mim um dos melhores artistas deste país.
BNegão e Os Seletores de Frequência acabam de lançar mais um trabalho, portanto foi hora de mostrar as novas músicas do grupo. Sintoniza Lá, Reação, Bass do Tambô e Essa é pra Tocar no Baile funcionaram muito bem ao vivo, botando todos pra dançar. Do primeiro trabalho, ouvimos Dorobô (uma de minhas músicas favoritas, gravada com a participação de Sabotage), com novos arranjos que deixaram a música bem legal, V.V., Prioridades, Funk até o caroço e O Processo, fechando com a pegada punk de Subconsciente, Qual é o Seu Nome e A Dança do Patinho, que não podia faltar.
BNegão foi muito simpático com todos, agradecendo ao público, e mesmo quando pediram pra tocar Planet Hemp (o cara construiu um nome tão sólido que às vezes até esqueço que ele tocava no Planet), pediu desculpas e falou que não iam pelo "caminho mais fácil", mas preferiam ir pelo mais difícil. Assim BNegão conseguiu mais uma vez fazer um dos melhores shows que já fui, mesmo num palco pequeno, e mostrar porque é tão admirado e porque merece muito mais.
No final o jeito foi curtir um pedaço do show do Johnny Suxxx and The Fucking Boys, banda que é sempre muito divertida de se ver em cima do palco, principalmente pelas loucuras de seu vocalista João, e infelizmente não pude ficar pra ver o show do Dead Fish, banda que até gosto, mas o horário adiantado e meu cansaço não me permitiram. Mas fui embora feliz, afinal, sabendo que o de melhor já tinha rolado, e esperando que mais bons festivais como esse possam rolar fora de Goiânia.
Confira as fotos dos Shows
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