Entender o mercado e o poder das multinacionais hoje é tarefa difícil. Cada vez mais virtual, fica difícil mensuramos como decisões de empresários afetam nossa vida. Mas o documentário "A Corporação" nos ajuda um pouco. O filme mostra como as grandes corporações mudaram a cara do capitalismo no mundo, e os malefícios que estão trazendo para sociedades no mundo todo. Bem editado e com entrevistas de grandes diretores de empresas, psicólogos, políticos, especialistas, economistas e outros, o filme traça um retrato do que é uma corporação e como ela age. Sua principal característica é a busca desenfreada por lucro, sem se importar se os meios utilizados para alcançar este lucro prejudicarão as pessoas ou o meio-ambiente.
Entre os casos mais emblemáticos trazidos pelo filme, podemos citar o caso da empresa Monsanto e a produção do hormônio rbGH, mais conhecido como Posilac, que era aplicado no gado para acelerar seu crescimento. O medicamento era contestado em alguns países por não haver informações seguras de seus efeitos colaterais. Dois jornalistas, produzindo uma reportagem para o canal Fox investigaram o uso deste medicamento e descobriram uma doença causada por este medicamento nas vacas, uma inflação nas tetas, que pdoeria passar bactérias para o leite. Os jornalistas foram perseguidos pela própria empresa em que trabalhavam e impedidos de divulgar estas informações.
Outro caso impressionante é o da exploração de trabalhadores e até de crianças feito por empresas multinacionais em países subdesenvolvidos. É o caso do Walmart que possuia uma fábrica de roupas e bolsas em Honduras, pagando 0,10 centavos por peça. Há alguns anos atrás uma jovem se tornou o centro das atenções deste caso, a jovem hondurenha Wendy Dias, ao ir aos Estados Unidos e denunciar esta exploração. Infelizmente de lá pra cá nada mudou na produção das grandes marcas no mundo.
Chocante também é o caso dos moradores da cidade de Cochabamba, na Bolívia, que tiveram a água de sua cidade privatizada e entregue à uma empresa chamada Bechtel. O problema é que no contrato feito com a empresa, os moradores estavam proibidos inclusive de armazenar água da chuva. Ou seja, até a água da chuva era propriedade da empresa. Tal medida deu início a uma série de manifestações por parte da população, duramente reprimidas pelo governo. Após vários meses de lutas, pessoas mortas e feridas, os moradores conseguiram expulsar a empresa e nacionalizar o serviço de água na cidade.
Além destes, inúmeros outros exemplos podem ser citados. O fato é que as grandes corporações fazem cada vez mais parte de nossa vida, e nos influenciam de maneiras que nem imaginamos. E qual a nossa responsabilidade nisto tudo? Talvez tenhamos que ficar mais atentos com o que acontecem à nossa volta. Como diz Michael Moore na entrevista que encerra o vídeo:
Eu sou capaz de mostrar tudo isto e ainda continuo aqui. Sou distribuido pelos estúdios, que são parte de grandes entidades corporativas.Então porque eles não me põe para fora se eu estou me opondo, a tudo o que eles representam? Bem, é porque eles não acreditam em nada. E eles também acreditam que quando as pessoas assistirem isto, (...) eles não farão nada. Porque nós estamos fazendo um ótimo trabalho entorpecendo suas mentes e os enganando a todos. As pessoas não saem da igreja para irem para nenhuma atividade política. Eles estão convencidos disto. Eu estou convencido do oposto. Eu estou convencido que algumas pessoas sairão deste cinema, se levantarão da poltrona, e irão fazer alguma coisa, qualquer coisa, e terão este mundo de volta a suas mãos.