Zeca Baleiro tem muitas facetas, e acaba de lançar mais uma delas. Sempre com um tom irônico, Zeca agora brinca com o sucesso repentino de certos artistas. Com seu mais recente disco, intitulado "O Disco do Ano", Zeca proclama: "Mamãe, fiz o disco do ano, só falta que a Folha de São Paulo comece a incensá-lo, dizer que eu sou o cara, ou então que os rapazes da Veja me chamem pruma cerveja". O refrão diz tudo, a crítica ao sucesso muitas vezes vazio, apenas construído pela mídia é claro.
E é neste clima que Zeca veio a Goiânia no último sábado, para mostrar seu novo show. Este é apenas o terceiro show desta nova turnê, que começou em Brasília. O local escolhido foi o Teatro Rio Vermelho, no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia. Teatro, cadeiras, ou seja, todo mundo sentadinho e bem comportadinho. Além disto, podia-se dizer que o público era condizente com o local, mas não talvez com o tipo de artista e música de Zeca. A julgar pelas roupas e idade do pessoal, poderia arriscar dizer que a maioria não era de fãs absolutos do cantor, parecia mais um encontro de advogados sêniors. Talvez seja reflexo do valor dos ingressos, um pouco salgados pro meu gosto.
Isto repercutiu também na pouca interatividade do público com o cantor. Mesmo quando Zeca incentivava o público a cantar, poucos o faziam, pelo menos nos locais mais a frente onde eu estava, a maioria ficava imóvel. Uma pena, pois o que se viu em cima do palco foi um espetáculo e tanto. Com banda completa e sedento para mostrar suas músicas novas, Zeca e sua banda deram um verdadeiro show. Tocaram o CD novo quase todo, e as que mais funcionaram foram "Meu Amigo Enock", música divertida que brinca com o Facebook, e "Tattoo".
Entre as antigas, o artista apresentou novos arranjos para várias de suas canções de sucesso. Entre elas merecem destaque "Disritmia", "Mundo dos Negócios", "Meu amor, minha flor, minha menina", "Quase Nada", "Telegrama" e o encerramento com "Mamãe Oxum", minha música favorita dele. E houveram também várias surpresas, como uma versão de "Maresia (Eu quero ser marinheiro)", de Adriana Calcanhoto, uma versão de "Price Tag", da cantora gringa Jessie J que ficou bem legal e até uma música com coreografia da banda, numa dancinha hilária e bem legal. E quando o pessoal pediu o tradicional "Toca Raul", ao invés de tocar aquela música que ele fez com esse título, Zeca surpreendeu e tocou "A Maçã", do grande Raul. No final, depois de ir embora, rolou ainda o clipe de "Mamãe no Face", música de trabalho de Zeca.
Foi uma noite cheia de surpresas mas que nem todos aproveitaram. EU particularmente preferia um show em outro local, em pé, onde pudéssemos dançar, pular e cantar junto com Zeca. Show no teatro fica parecendo distante, frio, com pouca interação do público. Mas apesar disto, Zeca está de parabéns por mais este show em Goiânia, que mostrou que realmente é um dos grandes artistas deste país.
Confira fotos do show
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