A greve da educação é um sintoma do péssimo tratamento que o governo dá ao tema Educação em nosso estado. É fácil perceber isto quando vemos a situação de certas escolas por aqui. Má conservação, equipamentos sucateados, e pra piorar, uma total ausência de valorização de seus profissionais. Salários baixos, que fazem com que os professores tenham que acumular dois, três períodos para complementar e conseguir uma boa renda. E pra piorar, o governo de Goiás ainda aprova uma lei que praticamente acaba com as gratificações pra quem tem mestrado e doutorado, desincentivando mais ainda o professor a continuar estudando e se aperfeiçoando.
Ainda vem a imprensa e diz que os professores não estão pensando na vida dos alunos, numa tentativa clara de colocar a opinião pública contra a categoria. Boa educação não se faz sem investimento. Brasileiro tem mania de achar que educação se faz por milagre. A educação no Brasil tem problemas pois políticos sempre deixam a rapa do tacho para a educação. E o estado de Goiás, infelizmente, tem histórico neste sentido. Na conta, uma universidade sucateada, com 80% de contratos por que o governo não teve nem sequer a competência de fazer concursos, correndo o risco de perder o credenciamento do MEC se não cumprir alguns dados mínimos, como número de doutores e professores em dedicação exclusiva, exigências para se manter uma educação superior de qualidade.
E com a educação básica não é diferente. Enquanto isso temos um secretário de educação que é economista. Foi à Coréia pegar um modelo de educação. Nem precisava. Em Goiânia temos um ótimo modelo de educação pública que funciona. Chama-se: Colégio de Aplicação da UFG. A realidade: professores concursados em dedicação exclusiva, com salários dignos (compatíveis com os da UFG), com um plano de carreiras respeitado e digno. O resultado: um modelo de educação para Goiás e para o Brasil. Outro exemplo: o antigo CEFET, atual IFG, que tem as mesmas características do anterior. Lembro-me que quando estudei lá, o índice de aprovação no vestibular era altíssimo, mesmo tendo uma educação técnica voltada mais para o mercado do que para a prova.
Valorizar o professor é o primeiro passo para se ter educação de qualidade. Enquanto tivermos professores tendo que dar aulas em duas, três escolas, em dois, três turnos para conseguir fazer um bom salário para sustentar sua família, continuaremos com situações como esta que ai está. Portanto a reivindicação dos professores visa seus salários, claro, mas em última instância visa também o aluno. Pois com professor valorizado, quem ganha é o aluno, que terá aulas dignas, bem planejadas e bem executadas. Enfim, uma educação de qualidade. Quando a opinião pública aprender isso, talvez deixe de culpabilizar os professores, e se junte a eles.