Todos temos um lado sombrio. É inerente à natureza humana. Por mais que tentemos domá-lo, escondê-lo, às vezes este lado aflora, e quanto mais reprimido, com mais força ele se revelará. A força do inconsciente é algo que desafia nossa racionalidade. Ele se revela nas horas mais impróprias, e nunca conseguiremos saber que forma ele tomará. Pode ser a de um assassino, de um sádico, uma fênix ou até mesmo um cisne.
Assim é o Cisne Negro. Insano, furioso, sexual, ele revela nosso lado sombrio, aquele que tentamos esconder. E Natalie Portman está perfeita no papel da bailarina Nina forçada a viver os dois lados da história. Ingênua, boazinha, virgem, ela é perfeita pra encarnar o Cisne Branco. Mas o que ninguém sabe é que por detrás da boa garota se esconde um lado terrivelmente furioso, que ela sempre tentou sufocar. Até o dia em que ela recebe o papel principal na peça O Lago dos Cisnes.
Pressionada a mudar suas atitudes para viver o lado sombrio da história, Nina parte em uma viagem pelo seu subconsciente, revelando um lado que ela tentava esconder. Dominado, sufocado, reprimido, seu lado sombrio irrompe com uma fúria descontrolada. Assim surge o Cisne Negro, e atriz e personagem se misturam em uma meta-história brilhante. O Lago dos Cisnes não é apenas a história dos cisnes branco e negro, mas é a história da própria atriz que tem que aprender a conviver com os dois cisnes que existem dentro de si mesma.
Cisne Negro é a história do drama humano, é a história de todos nós. A repressão nos torna submissos, submetemos nossas vontades, dominamos nossos desejos, reprimimos nossos instintos, tudo para nos encaixarmos, nos sentirmos confortáveis, nos sentirmos aceitos. E assim nosso lado sombrio vai crescendo, se tornando indomável, furioso, incontrolável. Os dois cisnes existem dentro de cada um de nós. E reprimir um deles só nos levará a uma vida de submissão e frustração. Afinal, a repressão é o pior tipo de perversão.