31 de mai. de 2010

O Labirinto da Pequena Miss Sunshine

O que é ser um vencedor? Sucesso nos negócios, muito dinheiro, casa, carros, tudo isto são elementos imprescindíveis daqueles que se consideram verdadeiros vencedores. E, claro, tudo isto é colocado como o verdadeiro caminho para se chegar à felicidade. Ou é a própria felicidade.

Mas ao tentarmos alcançar estes objetivos, nos tornamos pessoas duras, prisioneiras de nós mesmos. Esquecemos de que viver é o mais importante. E é isto o que nos ensina a família Hoover, no filme Pequena Miss Sunshine. Apesar de ter tido algumas indicações ao Oscar, o filme teve pouca repercussão, e merecia ser bem mais comentado do que foi. Afinal, não é todo dia que vemos um monte de malucos correndo atrás de uma Kombi amarela.


O filme nos traz uma história inusitada. Uma família desajustada, com um filho adolescente Nitszcheano que fez um voto de silêncio e odeia todo mundo, um tio intelectual, homossexual e suicida, um avô drogado recém expulso do asilo, um pai obcecado por vencer sempre, a filha pequena que sonha em ser modelo, e controlando tudo isto a mãe que parece ser a única sã do grupo. As confusões começam quando toda a família tem de ir à outra cidade levar a pequena Olive para um concurso de modelos mirins. Na Kombi velha da família, os seis partem, e não imaginam quanta confusão irão arrumar no caminho.

Mesclando drama e comédia na medida certa, o filme nos convida a uma reflexão sobre os obstáculos da vida e sobre o que é vencer. Em sua caminhada, a família descobrirá que o segredo para a verdadeira vitória não está em ser o melhor, mas em conseguir encarar os sofrimentos que a vida nos coloca juntos e de cabeça erguida. De forma bem humorada sempre, o filme consegue nos passar uma mensagem de esperança diante de todas as dificuldades que podemos encontrar. No final, sua união acaba sendo o diferencial, e mesmo com pessoas tão diferentes, todos se mostram solidários e se comportam como uma verdadeira família. A mensagem pode soar um pouco piegas, mas o modo como ela é belamente retratada neste filme emociona e diverte ao mesmo tempo.

Mais dramático, mas nem por isto menos emocionante, o mexicano Labirinto do Fauno, filme de Guilhermo Del Toro, é outra ótima pedida nas locadoras. O filme se passa na Espanha dominada pela ditadura fascista do general Franco, em meados dos anos 40, e tem como protagonista uma menina de nome Ofelia. A menina é levada com a mãe grávida para a casa de seu novo marido, o capitão Vidal, um duro soldado que luta para combater o exército dos rebeldes que desejam a derrubada do governo fascista. Fascinada por contos de fadas, Ofelia se verá envolvida nesta nova casa em uma verdadeira história de contos de fadas, ao adentrar um labirinto próximo à sua casa e encontrar lá um Fauno, criatura mitológica que afirma ser ela a princesa há muito perdida de um reino subterrâneo.

Mas antes de voltar a seu reino, ela terá que cumprir três provas para provar ser digna de entrar. Em meio à piora no estado de sua mãe, que sofre com a gravidez de risco, e com a intensificação das batalhas entre rebeldes e o exérctio nacional, que faz com que Vidal aumente a intolerância e violência contra todos que são suspeitos de traição, Ofelia vê neste mundo fantástico sua única saída. Mas verá que suas missões são mais difíceis e perigosas do que imaginava. Misturando ficção e realidade, o filme monta uma bela fábula. Inserida em um cenário extremamente violento e cruel, Ofelia encontra em suas fantasias um meio de sobreviver e escapar a tudo isto, e acaba sofrendo as consequências quando estes dois mundos colidem. Com uma belíssima fotografia, uma trilha sonora digna de oscar, e atuações exemplares, O Labirinto do Fauno se torna um dos filmes mais sensíveis e belos dos últimos anos.

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