9 de fev. de 2012

Heresia ou liberdade de pensamento?



Nossos tempos são marcados pela liberdade. Diz-se que todos tem o direito de falar e fazer o que bem entender, mas na prática sabemos que não é bem assim. O fato de podermos agir conforme nos parece correto não implica em ser bem aceito pela sociedade. E quando esta liberdade entra no âmbito religioso, a situação se complica ainda mais. O fantasma do catolicismo ainda assusta a todos. Outras religiões, especialmente no Brasil (maior país católico do mundo), não são vistas com bons olhos. Isso intimida nosso povo e faz com que muitos que não tem crença alguma acabem se dizendo católicos, apenas para ser aceitos. A soberania da igreja não é mais contestada nos dias de hoje. Mas nem sempre foi assim.



Na idade média por exemplo surgiram vários movimentos de caráter contestador, que procuravam ir contra as idéias católicas. Entre estes movimentos chamados heréticos, destaca-se um grupo que ficou conhecido como os Cátaros, que dominaram o sul da França durante os séculos XII e XIII principalmente, especialmente na região de Toulouse. A adesão ao movimento Cátaro nesta região foi total. Raimundo V, conde de Toulouse, em carta ao abade Alexandre dizia que "as famílias estavam divididas, os sacerdotes depravados com a nova doutrina, as igrejas em ruínas, ninguém mais batizava seus filhos, a eucaristia era rejeitada, não se acreditava mais na criação do homem como rezava a bíblia e todos os sacramentos da igreja eram considerados inúteis."



Um outro movimento herético desta época, conhecidos como Bogomilos, acreditavam ser o mundo uma criação do demônio. Este era o filho mais velho de Deus, chamado Satanael, que teria se revoltado contra seu Pai e por isto sido expulso do céu. Foi então que ele criou a Terra e um segundo céu, onde reinaria como deus. Para povoar seus domínios, ele criou Adão e Eva, e fez um acordo com Deus, para que ele soprasse a vida em suas criaturas, prometendo que elas seriam de propriedade de ambos. Essa lenda explica por que eles acreditavam que o corpo (matéria) era má, e por isto o contato com os prazeres carnais prejudicava o espírito, que era a parte boa do homem. Isto fazia com que muitos se tornassem monges, vivendo enclausurados e se privando da vida em sociedade, e em conseqüência dos prazeres terrenos.


Outro ponto bastante interessante era a polêmica em torno do Cristo. Alguns diziam que ele havia sido um anjo, nem filho de Deus nem de homem, somente um pregador. Outros já o consideravam um homem comum, filho de pais terrestres e sem qualquer caráter divino. Em ambos os casos ele não era considerado um salvador, mas apenas um profeta. Isso demonstra que Cristo nem sempre foi uma unanimidade. A falta de provas concretas acerca de sua existência é que deixa esta brecha para muitas outras interpretações sobre sua obra e sua existência.


É interessante notarmos como a Igreja nem sempre ao longo da história conseguiu dominar o povo com suas teorias. Já houve quem ousasse se contrapor a suas idéias, mesmo tendo sido a maioria queimados pela santa inquisição. Mas eles nos deixam uma lição. A lição de que nós não devemos aceitar tudo que nos empurram como verdade absoluta. Desconfiemos da Bíblia, desconfiemos de Deus, desconfiemos de nossos pais, de nossos professores, e de tudo o que nos disserem. Desconfiar significa parar pra pensar, analisar, e só então aceitarmos ou não. Só assim conseguiremos não ser manipulados. Só assim conseguiremos ser realmente livres.

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