3 de dez. de 2011

Hoje é dia de Noise, Bebê!


Ontem foi o primeiro dia do já tradicional festival Goiânia Noise, ocorrido este ano no clube Jaó. A congregação de estilos diferentes sempre foi uma marca do festival, mas ultimamente com a falta de opção em festivais de outros estilos, parece receber cada vez mais pessoas de outras vertentes. Este é o curioso caso do Heavy Metal, estilo que já foi frequente na capital goiana, com festivais semanais nos tradicionais DCE's da UFG e UCG, e que há alguns anos perdeu a força, inclusive no número de bandas.

O efeito disto é que tanto público quanto bandas acabaram migrando para o cenário do rock alternativo, cenário aliás que já vi muitos metaleiros desdenharem e torcerem o nariz por anos a fio. Agora o que se vê em festivais deste tipo são algumas dezenas de metaleiros órfãos perdidos em meio à diversidade de estilos que já predominavam em eventos como o Noise, que acabou abraçando também o estilo e incorporando algumas bandas do gênero em seu casting.

Outro ponto forte deste festival é a estrutura organizacional, sempre impecável. Shows começando e terminando nos horários previstos, dois palcos intercalados fazendo com que o som não pare nenhum segundo sequer, tudo isto nos motiva a conferir as bandas, mesmo que estejamos interessados mesmo em apenas uma ou duas delas. Como são mais de 08 horas de shows por noite, fica impossível conferir tudo. Por isto um dos segredos pra se dar bem neste tipo de festival é selecionar bem as bandas que se quer ver, e sempre dar um jeito de sentar entre um show e outro, afinal ninguém aguenta ficar tanto tempo em pé.

Neste primeiro dia, as bandas que queria ver eram os velhos conhecidos dos Raimundos, e os figuras do Cidadão Instigado. Mas antes pudemos conferir algumas boas surpresas. Os noruegueses da BigBang fizeram um bom show, apesar de eu ter visto pouco pois eles já estavam tocando quando cheguei. Mas foi uma surpresa saber que existe rock na Noruega, e não só black metal satânico.


Do Goiás tivemos os já carimbados Hellbenders, banda que tem algumas músicas legais e o Bang Bang Babies, banda que já ouvi muito falar mas nunca tinha conferido show deles. A parte instrumental da banda é muito boa, as músicas tem riffs dançantes e sonoros, mas não sei se foi culpa do som, do excesso de efeitos ou porque é ruim mesmo, mas o vocal não me agradou. Além disto, apesar de se definir como garage rock, a banda tem um pé no rockabilly que me agrada muito, no estilo de bandas como Canastra e Sapatos Bicolores. Acho que se eles seguissem este caminho iriam se dar bem melhor.



Mas quem se mostrou a grande surpresa da noite mesmo foram os californianos do Delinquent Habits, um grupo de rap que botou todo mundo pra dançar e pular no Goiânia Noise. E eu que achava que seriam vaiados, pelo contrário, os caras foram totalmente aclamados pelo público (principalmente quando distribuiram tequila pra galera) e acabaram se tornando uma das principais atrações da noite, inclusive tocando por uma hora ao invés da meia hora prevista e ofuscando os paulistas dos Haxinxins, que acabaram fazendo um show morno, já que a maioria do público já aguardava pela chegada dos Raimundos e nem deram atenção pro som setentista dos caras.



A chegada dos Raimundos foi outra surpresa pra mim. Sim, a banda fez muito sucesso nos anos 90, e passou por muitos problemas após a saída de seu vocalista, o Rodolfo. Após isto os caras sumiram da mídia e acabaram cruzando o caminho de volta, do cenário pop para o cenário alternativo. E os caras mostraram que ainda tem muito público. Impressionante ver toda a galera do Noise gritando o nome da banda, pulando e cantando cada música. Digão e companhia fizeram um show pesado, voltando às origens do hardcore sujo e cheio de palavrões que sempre foi sua marca. Simplesmente fantástica a apresentação.




Depois deles foi só conferir a psicodelia do Cidadão Instigado, banda que mistura rock psicodélico setentista com uma pegada de música brega, um dos sons mais interessantes que já ouvi. Riffs distorcidos, samplers computadorizados, letras nonsense, melodias dançantes, tudo isto fechado por um vocal que lembra os cantores bregas que meu avô gostava foi o que se viu em cima do palco. Diversão garantida pra quem gosta de misturas e laboratórios musicais. Pra mim a noite estava completa, e o Noise cumpriu mais uma vez sua função social, de divertir e apresentar novos sons.

Fotos dos Shows

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