Quem tem ido ao Martim Cererê nos últimos meses tem se deparado com uma realidade um tanto quanto inusitada. Em meio aos shows predominantemente de rock e suas vertentes, vez ou outra encontramos uma nova sonoridade, um novo estilo, que vem conquistando cada vez mais adeptos e leva cada vez mais pessoas a estes festivais. Com seu estilo assumidamente e propositalmente brega, a Banda UÓ tem feito roqueiros os mais conservadores perderem a linha e dançarem até o chão em seus shows.
Pra quem não sabe do que estou falando, trata-se de uma banda do que eles mesmo denominam de eletrobrega, ritmo que mistura uma espécie de forró do Pará (Calypso e afins), com uso de sintetizadores e batidas eletrônicas. Se isto não lhe diz muita coisa, lembra-se daquela banda que estourou há algum tempo atrás com suas músicas grudentas e uma mulher das mais agudas cantando, o grupo DJavu? Pois trata-se exatamente daquilo. A diferença da Banda UÓ está nas letras debochadas, recheadas de palavrões, na irreverência de seus "músicos" e claro na animação de seus shows.
Formada por Mateus Carrilho, Davi Sabbag e Mel Gonçalves, a banda vem conquistado cada vez mais público não só em Goiás como em todo o Brasil, e todo festival que eles participam, a maioria de rock, tem seu público garantido. À primeira vista a sensação é de estranheza, afinal, o que uma banda de brega está fazendo em meio a shows de rock? Ainda mais sabendo como o mercado rocker é elitista e muitas vezes até mesmo preconceituoso em relação a outros estilos. Mas logo a onda te pega e você se vê dançando e se divertindo ao som da banda. Diversão, acho que este é o segredo da Banda UÓ, e acaba que todos a vêem como um grande pastiche, uma grande curtição, e então neste momento nos entregamos também a alguns minutos desta curtição.
Afinal como não curtir músicas como Shake de Amor, O Doce Amargo do Perfume e Foi Você quem Trouxe (esta é minha preferida) e letras como "Eu jamais vou gostar de alguém, vou te amar, meu coração vai doer", que beira o cúmulo da breguice. É hilário! O mais legal da banda é que eles conseguem curtir e brincar com os clichês e estereótipos das músicas românticas, afinal, tem coisa mais brega que o amor? Mas este não é o segredo do sucesso da banda. O segredo, que eu consegui descobrir após dias e meses de uma análise profunda de suas músicas, é que elas simplesmente não saem da nossa cabeça. Grudam como chiclete, e quando menos esperamos estamos nós a cantarolar Banda UÓ no ônibus, no trabalho, na escola.
Por tudo isto, se você vir o nome Banda UÓ por ai, vá conferir. Esqueça a pose, a vergonha e tudo o mais e apenas se entregue ao eletrobrega. Se não gostar do ritmo, tenho certeza que pelo menos vai se divertir com as letras e a atitude da banda em cima do palco. Se não dançar, pelo menos lhe garanto boas gargalhadas. E afinal, música também é pra isso, não?