22 de fev. de 2013

Os Miseráveis


Musicais sempre fizeram sucesso no cinema, e acho que há algum tempo não tínhamos um musical de peso em Hollywood que causasse tanto estardalhaço. Pois o lançamento do filme Os Miseráveis, adaptação para o cinema de um famoso musical da Broadway, baseado no romance de Victor Hugo trouxe de volta o gênero, e em grande estilo. O filme está concorrendo a várias categorias na premiação do Oscar, incluindo a de melhor filme. 

Mas nem tudo é música por aqui. Aliás, melhor dizendo, tudo é música no filme, e é exatamente este o problema. Logo na primeira cena percebemos que se trata de uma produção grandiosa. A imagem dos prisioneiros puxando um navio que abre o filme, com uma música forte sendo cantada por todos é uma cena das mais belas. Mas ao mesmo tempo o primeiro diálogo entre os personagens de Hugh Jackman e Russel Crowe, que são os dois antagonistas da obra, decepcionam bastante. Um cantar forçado nos diálogos, desconectado com a música ao fundo é o que vemos e ouvimos em cena. E ao longo de todo o filme será assim. Mesmo nos menores diálogos os atores teimam em falar cantado, mesmo que não tenha música alguma em cena. 


Isto acaba por tornar o filme bastante cansativo. Lá pela metade você já não aguenta ouvir uma só música mais e só torce pelo final chegar logo. Outro problema é que o filme tem poucas músicas fortes, marcantes. Apenas a música do início do filme, "Look Down" se destaca das outras, e sempre que volta à cena, em diferentes momentos e versões, nos chama a atenção. Mas é só. As outras são apenas músicas comuns, sem grandes atrativos. As atuações de alguns atores também deixam a desejar, especialmente Russel Crowe, que mostra que definitivamente cantar não é o seu forte. 



Mas o filme tem alguns pontos positivos, com certeza. Primeiramente a fotografia que é de um primor sem igual. Os figurinos e maquiagens estão absolutamente perfeitos, e são um atrativo. O elenco também é recheado de estrelas. Eu destaco a dupla formada por Sacha Baron Cohen e Helena Borhan Catter, que formam o núcleo mais cômico do filme. A primeira aparição de ambos tem uma das melhores músicas e a mais divertida também. Outro destaque é a atriz Anne Hathaway, a única que conseguiu aliar com perfeição a voz e a atuação. Pena que seu papel seja pequeno, porque ela é digna das melhores cenas vistas e ouvidas em tela. Outro lance legal são os duetos em algumas músicas, com dois ou até mais personagens cantando diferentes diálogos ao mesmo tempo, o que dá uma sonoridade bastante legal. 


No fim, a sensação é de que temos uma grande história, mas que é sacrificada em nome da música. O esforço em tornar tudo tão musical acaba colocando a história em segundo plano e dedica-se muito tempo nos monólogos musicais, exprimindo os sentimentos e pensamentos dos personagens ao invés de focar nos fatos e acontecimentos que constroem a história, o que acaba sendo um grande desperdício. 

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