27 de out. de 2012

Otto + Marcelo Jeneci no Canto 2012


Chega mais um Canto da Primavera,  e com mais uma receita de sucesso. Grandes nomes da música brasileira e goiana passam pelos palcos de Pirenópolis, atraindo centenas de fãs de música e lotando a cidade. Este ano decidi aproveitar os shows da sexta-feira (26/10/12), e não me arrependi. Chegando em Piri por volta de 20h, foi hora de conferir inicialmente a programação culinária da cidade, é claro. Já de estômago cheio, vamos aos shows.



A primeira banda a se apresentar no Cavalhódromo foi a Aurora Rules, banda de thrash metal com letras em português e inglês. O som ainda estava um pouco embolado e o público pequeno e ainda aquecendo, mas deu pra se divertir um pouco com o som dos caras. Este ano uma novidade do festival é que os shows principais são intercalados entre o palco principal do Cavalhódromo com uma espécie de pub montado embaixo do campo, batizado de Primavera Pub, onde rolam alguns shows e performance de DJs durante toda a noite. Assim depois do primeiro show foi hora de conferir o show do Pacato do Alto, acompanhado pela banda Raizama, todos vindos diretamente de Sâo Jorge, na Chapada dos Veadeiros. Tocando uma mistura de Blues, Rock e Reggae com letras em português, foi um show muito animado e me surpreendeu bastante, principalmente pela qualidade da banda. Pacato é um senhor, mas mostrou que apesar da idade ainda tem disposição de sobra. E em determinado momento ele sai do palco e deixa a galera do Raizama tocar algumas músicas de seu repertório, e ai é que o bicho pegou. Se a galera paga pau pros caras do Macaco Bong é porque não ouviram o som desses caras. Riffs enérgicos, uma verdadeira quebradeira na bateria e solos e mais solos de guitarra, sem no entanto cair na chatisse. A banda é muito boa e já merecia ser descoberta pelo circuito goiano. 



Os próximos shows seriam todos no palco principal do cavalhódromo. Primeiro vieram os garotos da Cambriana. E apesar do que o nome da banda pode parecer, o som deles não é nenhum pouco antigo. Pelo contrário. Flertando com as batidas eletrônicas e influenciados por bandas como Radiohead e Tv on the Radio, a Cambriana faz o estilo rock contemporâneo com muita competência. Um riqueza musical grande e ótimas composições são seus trunfos, além da extrema qualidade instrumental de todos os membros. Agora entendo porque há algum tempo ouço tanto falar do som desses caras. Cheguei em casa e fui direto procurar o CD deles pra baixar (disponível gratuitamente no site da banda), e é um dos melhores lançamentos da música goiana deste ano, com toda certeza. Entre os destaques, as faixas Astray e Big Fish são as mais legais do disco. 





Um dos shows mais esperados da noite era o do músico Marcelo Jeneci. Particularmente não conhecia o cara, nem sabia do que se tratava. E talvez por isto mesmo minha surpresa tenha sido maior. Com um show enérgico, músicas instrumentalmente diversificadas e ricas, além de ser acompanhado por músicos extremamente competentes, o cara ainda muda toda hora de instrumentos, indo do acordeon pra guitarra, passando pelo teclado e claro, sempre cantando e dividindo os vocais com sua companheira Laura Lavieri, outro destaque da banda com uma belíssima voz. Ouvindo o CD do cara depois foi que percebi a riqueza musical de suas composições. Não é a toa que seu primeiro (e único até agora) álbum foi considerado um dos melhores trabalhos de 2010, porque é muito bom. Faixas como Copo D'Água, Café com Leite de Rosas, a baladinha Pra Sonhar e a música título Feito pra Acabar são os destaques de um trabalho extremamente conceitual e original. 




E pra encerrar a noite, o grande Otto transformou o Canto em uma verdadeira gira, trazendo seus Orixás para o palco. Começou pedindo licença pra Exu, com uma música de seu novo disco, Exu Parade, pra mim a melhor do disco. Mais duas músicas de seu lançamento, ainda meio desconhecido do público, e dai pra frente foi só pedrada das antigas. Com uma banda excelente acompoanhando, com grandes nomes da cena musical do Recife, como os percussionistas do Nação Zumbi, a dupla de cordas (baixo + guitarra) do Cidadão Instigado e no teclado um membro do Mundo Livre S/A, não poderia dar errado. Grandes sucessos como Dias de Janeiro, Crua e minha música preferida do cantor, quase uma invocação pra Iemanjá, a música Janaína. Dos primeiros cds tivemos os sucessos Cuba, Ciranda de Maluco, Renault Peugeot e Condom Black, sempre acompanhados pelo belíssimo trio de percussionistas, transformando cada canção em uma verdadeira roda de terreiro, inclusive com Otto a todo momento incluindo canções de outros artistas, como Nação Zumbi e até pontos de Umbanda e Candomblé. O cara estava uma animação só em cima do palco, pulando, dançando, e a todo momento agradecendo ao público, se dizendo feliz por estar em Goiás e lembrando símbolos goianos como Pequi, as Cachoeiras de Piri e grandes personagens como Cora Coralina e Siron Franco. Foi um show eletrizante como jamais se viu por aqui, e mostrou a força deste festival de música realizado em Goiás. 

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