13 de jul. de 2012

A L I E N - A Origem


Este poderia ser muito bem o nome do novo filme de Ridley Scott. Quando vi pela primeira vez o trailer do filme Prometheus, as comparações com a saga Alien foram inevitáveis.  Afinal, a história de "uma equipe no espaço chega a um planeta desconhecido e encontra inúmeros "ovos" de onde saem estranhas criaturas" dá uma tremenda sensação de "eu já vi esse filme". E com a direção do Ridley Scott então, caso encerrado, definitivamente temos pela frente uma ressurreição da série Alien. Desde a abertura já dá pra perceber isto, pois a logo do filme começa com os dois traços sempre característicos das logos dos filmes Alien. 


Em entrevista, Ridley Scott afirmou que seu novo filme tem "traços do DNA de Alien, por assim dizer". Não meu filho, permita-me corrigi-lo: Prometheus não tem apenas traços do DNA de Alien, ele tem a cadeia genética inteira. Poderia até arriscar a dizer que este Prometheus é o Alien que o Ridley queria ter feito e não fez. O enredo é muito parecido. Uma nave humana chega a um planeta desconhecido e descobre uma nave recheada de "ovos" de uma estranha criatura alienígena, que logo começa a atacar e matar todos que vê pela frente, exatamente como vemos no primeiro filme da saga, Alien - O 8º Passageiro. 


Mas aqui Scott junto com seus roteiristas John Spaihts e Damon Lindelof (aquele do Lost) colocaram novos elementos que dão mais mistério e um novo vigor à trama. O filme se passa em 2094, antes portanto dos episódios do primeiro filme do Alien, que seriam aproximadamente em 2179. Após vários estudos, um grupo de arqueólogos descobrem inscrições de civilizações antigas mostrando contatos destes com estranhos objetos voadores, possivelmente alienígenas. Após mapear a disposição destes objetos e compará-los, descobrem se tratar de um mapa que os leva a um planeta similar à Terra, localizado em uma distante galáxia. Ao divulgarem seus estudos, chamam a atenção de um bilionário, dono das indústrias Weyland (a mesma indústria da série Alien), que reúne uma equipe de estudiosos e cientistas e envia a este planeta distante para explorá-lo. 


Baseados nas inscrições das cavernas, a teoria dos cientistas é a de que estes seres alienígenas teriam criado a raça humana. Eles passam a chamar esta raça alienígena portanto de "engenheiros". Mas chegando a este planeta, eles descobrem que esta estranha raça humanóide havia sido morta por uma outra raça alienígena parasita, muito similar ao Alien do filme que conhecemos, mas não tão desenvolvida ainda. Eles são atacados por esta raça, que infecta outros seres, usando-os como hospedeiros para se desenvolverem. Assim como no primeiro filme do Alien, aqui também temos a presença de um andróide, que movido pela curiosidade científica ou talvez um desejo destrutivo em relação à raça humana, coleta um ovo desta espécie desconhecida e leva para a nave, acabando por infectar propositalmente um dos  membros da expedição. 


A presença deste andróide aqui ganha muito mais destaque em relação à franquia original. Interpretado brilhantemente por Michael Fassbender (o Magneto do filme X-Men: Fisrt Class), o andróide David serve como uma metáfora da relação criador-criatura que permeia toda a trama. Em um dos melhores diálogos do filme, em que um dos pesquisadores se mostra inquieto por não encontrar neste novo planeta aquela raça alienígena de engenheiros que considerara como seus criadores, o andróide o questiona sobre o que ele iria perguntar a seus criadores se os encontrassem. Ele responde que queria saber por que eles criaram a raça humana. David então pergunta a ele porque a raça humana teria criado aos robôs como ele. "Criamos porque éramos capazes de fazê-lo", ao que David conclui: "E como se sentiria se ouvisse isto do seu criador?". 


Esta ideia da criação da raça humana, não estando presente na franquia do Alien, é um ponto a mais nesta nova proposta de Ridley Scott, e deixa muitos mistérios para dar origem a uma nova série, talvez com muito mais vigor do que as anteriores, que marcaram época, mas que merecem um tratamento melhor e mais adequado aos nossos tempos. No final do filme, o único sobrevivente desta raça de engenheiros que teria criado a raça humana é encontrado, mas ao invés de respostas, ele ataca aos seres humanos como se quisesse destruí-los, e acabamos descobrindo que o local em que encontraram os ovos dos seres alienígenas na verdade era uma nave que estava pronta para embarcar rumo a terra, carregada destes ovos, provavelmente armas que destruiriam e aniquilariam a raça humana. Porque afinal eles iriam querer destruir a raça que eles mesmos criaram, é a grande pergunta do filme. 


No final descobrimos que estas duas raças alienígenas estão intimamente relacionadas com a origem da vida na Terra. Analisando o DNA dos engenheiros encontrados na nave, a cientista descobre que ele é idêntico ao DNA humano, e nós seríamos portanto descendentes deles. Mas ao entrar em contato com esta outra raça alienígena parasita, nosso corpo é destruído lentamente. O mesmo efeito acontece com um humano infectado na nave, e também com um alienígena engenheiro mostrado logo no início do filme, numa cena em que ele está em um planeta similar à Terra, e após tomar um líquido que contém uma gota de DNA desta outra raça alienígena parasita, se desintegra na água, dando origem então à vida neste novo planeta. Talvez este seja a explicação de Scott para a origem da vida na Terra. Darwin teria se encarregado de explicar o resto da história.



A última descoberta é a de que o Alien que conhecemos nos filmes antigos, seria o resultado de uma fusão dos DNAs desta nova espécie alienígena parasita, com o DNA humano e o DNA dos engenheiros. Esta evolução pode ser percebida quando um dos cientistas é infectado com esta espécie parasita e mantém relações sexuais com uma outra cientista. Ela passa a carregar no ventre um ser desta espécie alienígena misturado com DNA humano. No final do filme, esta nova criatura que nasce, já modificada, tem encontro com um ser da outra espécie alienígena dos engenheiros, passando a usar seu interior como hospedeiro. O filme se encerra com um novo ser saindo de dentro deste engenheiro, um ser que conhecemos muito bem, de cabeça pontuda e dentes bem afiados: o Alien. Assim teria surgido a criatura que conhecemos bem e que tanto horror levou às telas do cinema nas décadas de 80 e 90. 


Ridley Scott está de parabéns por esta iniciativa. Como sempre afirmei, a série Alien é uma das franquias de ficção científica mais legais que conheço, e ver ela novamente nas telas é o sonho de todo fã. Mesmo ele dizendo que a continuação de Prometheus irá se distanciar mais ainda da saga Alien, tenho certeza que se ele tiver a metade da qualidade deste primeiro, com certeza irá valer a pena. 

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