11 de dez. de 2011

Mutantes + Lirinha no Canto da Primavera

O Estado de Goiás está se tornando especialista em fazer bons festivais de música. Depois da Cidade de Goiás trazer grandes atrações para o FICA, este mês foi a vez da cidade de Pirenópolis, outro ponto turístico bastante famoso de nosso estado realizar a 12º edição do Canto da Primavera, festival voltado exclusivamente para músicos. Na programação do festival, oficinas, palestras e workshops com músicos conhecidos regionalmente e nacionalmente. E claro, muitos shows.

Os melhores shows estavam programados para o final de semana, e deixei então para chegar na cidade na sexta-feira para conferir. A cidade ainda não estava tão cheia, então aproveitamos o dia para andar pelas belas paisagens históricas de piri, que tem um ambiente muito agradável e acolhedor. O local escolhido para os shows principais foi o campo das cavalhadas, local amplo e arejado, ideal para este tipo de show. E a estrutura montada foi das melhores. 

No primeiro show da noite quem mandou ver foi a já conhecida Banda UÓ, eletrobrega de Goiânia que já está estourando em todo o país, tendo ganhado inclusive uma categoria no VMB, maior premiação de música do país. E aqui eles mostraram porque merecem a fama, colocando todo mundo pra dançar até o chão. O carisma e a animação da banda são contagiantes, e mesmo quem não gosta do estilo sempre se diverte com seu deboche, suas letras escrachadas e engraçadas e sua batida dançante. Nem o público ainda pequeno desanimou o quarteto, que tocaram todas suas músicas e ainda um cover de Luís Caldas, bem apropriado para o estilo. 



A The Not Yet veio logo depois com seu rock/blues recheado de solos de guitarra. A banda já é velha conhecida do público goiano, já tendo mais de 10 anos de carreira e vários CDs lançados, mas não conseguiu empolgar muito a galera. Aliás o público do festival era bastante diversificado, com muita gente que parecia nem saber do que se tratava o festival mas que estava ali só pela farra.


Lirinha foi um dos convidados desta noite, e fez um dos melhores shows que já vi. Primeiro devo dizer que sou absolutamente fã do cara desde os tempos de Cordel. Quando ele saiu da banda, a incógnita de como seria seu trabalho foi rapidamente respondida com o lançamento de Lira, seu primeiro trabalho em carreira solo. O o que vemos neste álbum não é nada parecido com o Cordel do Fogo Encantado. Lirinha soube sair da sombra de sua ex-banda de maneira perfeita. Um álbum denso, instrumentalmente experimental, melancólico, soturno e recheado da poesia que só Lirinha sabe fazer. Assim é Lira, e o cantor soube muito bem passar tudo isto para o palco. Com uma excelente banda, o cara tocou praticamente todas as músicas de seu novo trabalho, mandou poesia, agradeceu bastante o carinho do público e ainda mandou algumas músicas do Cordel em versões totalmente diferentes do que estamos acostumados, como "Matadeira", "Morte e Vida Stanlei" e "Os Óim do Meu Amor". Um show absolutamente inscrível. 


Nesta noite isto foi tudo o que consegui ver, já que devido aos atrasos o último show acabou um pouco tarde e resolvi ir pra pousada descansar, já que não sou muito fã do estilo de samba dos Demônios da Garoa. No outro dia (sábado), os shows começaram no horário, e a primeira a se apresentar foi o Cega Machado, uma excelente banda que mistura ritmos regionais como Maracatu, Samba, Baião e outros, com um ótimo trabalho de percussão. A seguir os figurinhas carimbadas do Black Drawing Chalks com seu rock'n roll pesado e frenético recheado de riffs dançantes. A banda foi um pouco prejudicada pelo ajuste de som que não ficou ideal, uma hora a guitarra sumia, outra hora ficava muito alta, outra hora era o baixo que estourava. Mesmo assim a banda conseguiu fazer seu show e mandar seu recado animando os roqueiros de plantão. 


Direto da Argentina, os hermanos do Violentango vieram a seguir. O som dos caras foi uma grata surpresa pra todos, e podemos definir como um tango moderno, com uma sonoridade bastante diferente. Um trabalho original e de qualidade, e apesar do formato da banda talvez não ser favorecido por um festival deste tipo, os caras foram extremamente bem recebidos e aplaudidos pelo público do início ao fim de seu show. 




Pra fechar a noite, aqueles que todos estavam esperando. Se a Cidade de Goiás trouxe a Rita Lee, Pirenópolis trouxe o lendário Sérgio Dias e Os Mutantes, uma das bandas mais aclamadas do rock nacional de todos os tempos. Imagine só, eu sequer tinha nascido e os caras já estavam mandando ver no rock'n roll, tem que respeitar uma banda dessas. Totalmente reformulada e contando apenas com Sérgio Dias e o baterista Dinho Lemes de sua formação original, a banda mostrou que ainda mantém o pique de quando começou, com suas músicas psicodélicas, fazendo um show altamente enérgico. Todos os clássicos estavam presentes, de Ando Meio Desligado a Balada do Louco, passando por Panis et Circense, Top Top, El Justiceiro e encerrando com Bat Macumba, todas em versões novas mas que mantém bastante a pegada original, principalmente nos vocais. Foi um show pra entrar pra história de todos que estavam presentes. 

Infelizmente não pude ficar para o último dia de shows, que traria o grande Ney Matogrosso. Mas dos dois dias que participei o saldo foi extremamente positivo. Um festival bem organizado, com uma boa escolha de atrações e que mostrou mais uma vez que em Goiás se faz muito mais do que apenas música sertaneja.

Fotos dos Shows

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